A Lírica do Prata

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A Lírica do Prata
Ref.: 978-85- 66967-16-6
R$ 40,00


A LÍRICA DO PRATA

O vínculo da narrativa, da poesia com as danças da Região do Prata e o cancioneiro rural seriam elementos determinantes para a formação de uma Lírica do Prata?
Ricardo Duarte, escritor, compositor, músico, exímio desenhista, pecuarista e neste caso, também ensaísta, se propõe ferrenhamente a dar sua contribuição neste viés. - Felipe Azevedo

Autor - Ricardo P. Duarte
ISBN 978-85-66967-16-6

Ficha técnica

Lançamento 2015
Título original A Lírica do Prata
   
Formato 18 x 23 cm
Número de páginas 91
Peso 270 g
Acabamento Capa dura
ISBN 978-85- 66967-16-6
EAN 978-85- 66967-16-6
Preço R$ 50,00

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Conteúdos especiais

 
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Leia um trecho do livro

Introdução

Nas muitas tentativas de valorizar o homem rural da bacia do Rio da Prata chamado gaúcho, seus simpatizantes cometem equívocos no que tange a seus costumes musicais. Pelo fato de ser comum a milonga na arte gaúcha contemporânea, podemos encontrar, em filmes e escritos, esse gênero musical adornando episódios históricos onde era alheio. Jamais se poderia ouvir uma milonga durante a Revolução Farroupilha (1835-1845), por exemplo, dado que está só pode ser evidenciada a partir de 1870.

A lírica da campina americana inicia com a história da colonização depois do Descobrimento por espanhóis e portugueses. Desta forma somos forçados a incluir nela a influência de árabes e berberes que dominaram a Península Ibérica por séculos, antes mesmo da definição desses dois países.

Mais remotamente teríamos gregos e romanos, na consequência da cultura de onde descendemos. De qualquer forma, embora os gregos tivessem desenvolvido instrumentos musicais como a lira, com suas cordas golpeando diferentes divisões matemáticas dos sons, as expressões musicais mais comuns dos povos primitivos foram sempre aquelas conseguidas por meio de sopro ou percussão.
Por sua simplicidade, flautas e tambores sempre foram usados nas sociedades primevas, fato observado também entre os ameríndios.

Na época do descobrimento muitas vezes os próprios príncipes da Europa civilizada eram analfabetos e os registros escritos eram reduzidos, dificultando pesquisas mais minuciosas do processo lírico antes do Renascimento. Tudo começa, então, com os clássicos, onde a música realmente alcançou patamares muito mais elevados, e toda a músicalidade contemporânea está influenciada por eles.

Na América os índios e mestiços dos campos da Banda Oriental ficaram no meio das guerras entre Portugal e Espanha. Sem interesses políticos ou compromissos com as cores dos dois países em disputa, eventualmente, os “gaudérios” – de gáudio e gaudere, em latim: folgar – podiam servir tropas espanholas como portuguesas, por período que representava um lapso da vida folgazã. No fim do compromisso eventual, voltavam aos interesses particulares de sua vida inerte. Augusto Meyer, em “Prosa dos Pagos”, diz sobre eles: “Esses homens sem lei nem rei, que ‘moravam na sua camisa, debaixo do seu chapéu’, mantendo-se num equilíbrio instável entre o índio e o branco foram aproveitados muitas vezes nas arreadas e na guerra como campeiros ou bombeiros, mas os seus entendimentos com as tropas regulares de espanhóis ou portugueses eram um ajuste condicionado às obrigações momentâneas do serviço combinado entre as partes, e representavam uma espécie de parêntese na sua vida habitual de gaudérios.”

Dizia também Calixto Bustamante Carlos, “Concolorcorvo” de pseudônimo: “Estes, são moços nascidos em Montevidéu e nos vizinhos pagos. Má camisa e pior vestido, procuram encobrir com um ou dois ponchos, de que fazem cama com baixeiros do cavalo, servindo-se de travesseiro a sela. Se munem de uma ‘guitarrita’ que aprendem a tocar muito mal e a cantar destoadamente várias coplas que estropiam, e muitas que sacam de sua cabeça, que regularmente giram sobre amores. Andam ao seu alvitro por toda a campanha e com notável complacência daqueles semibárbaros colonos, comem a sua custa e passam as semanas inteiras estendidos sobre um couro, cantando e tocando”.

Foto Autor

Ricardo P. Duarte

Sobre o autor

Nasceu em Uruguaiana, RS, em 03 de julho de 1944. 
Artista plástico dedicado à arte regional principalmente. Proprietário da Cabanha Touro Passo, onde cria gado Hereford e Polled Hereford, em 1980, recebeu o prêmio de “Produtor Modelo”, instituído pelo INCRA. Foi presidente do Sindicato e Associação Rural de Uruguaiana, do Núcleo Fronteira Oeste de Criadores de Hereford e Braford e de outras entidades não governamentais de interesse público, coordenando em Uruguaiana o grupo de Solidariedade Pro Malvinas Argentinas; Vice-presidente da Farsul (Federação das Associações Rurais do Rio Grande do Sul), da Associação Brasileira de Hereford e Braford, e da Associação Nacion al de Criadores – Herd-Book Collares. 

No fim da década de ’60, formou com Colmar P. Duarte, César Tasso Aymone Lopes e Júlio Machado da Silva Filho o Conjunto de Artes Nativas Marupiaras, grupo vocal e instrumental para a arte regional gaúcha que incentivou a ideia da Califórnia da Canção Nativa do RS, festival responsável pelo desenvolvimento da identidade cultural gaúcha no Brasil.

Na CALIFÓRNIA participou em todos os setores de organização, com destaque em cenografia, até assumir a presidência do Festival. Na sua gestão, de 1982 a 1984, a Califórnia teve seu período de maior expansão física, com o apogeu de atividades. recebendo o Disco de Platina. Colaborou na formação dos festivais “Ronda da Canção”, de Alegrete; “Clarim”, de São Borja; e “Musicanto Latino Americano de Nativismo”, de Santa Rosa. Participou também do Corpo de Jurados na inauguração desses eventos e de outros festivais.
 
Dedicou-se à palavra escrita, sendo fundador da Asociación de Escritores Sin Fronteras, com sede em Bella Unión (ROU), e membro da Academia Uruguaianense de Letras, cuja Presidência assumiu em 2009. É sócio proprietário da Editora Viapampa. No ano de 2018 assumiu a vice-presidência da Fundação Yayetopa, entidade com sede em Paso de los Libres cuja finalidade é exaltar a cultura regional. Nessa entidade apresentou documentação idealizando a ideia de uma "Nação Pampa", espaço onde vivem os gaúchos independentemente das fronteiras dos países inseridos no Bioma Pampa e que pretende unir brasileiros do Rio Grande do Sul, argentinos e uruguaios numa identidade cultural reconhecida pelas autoridades políticas.


E-mail: rdtopass@uol.com.br

 

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