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Introdução
No alvorecer da povoação os meios de transportes foram os veículos de tração animal, as carroças, carretas e as diligências além das embarcações, para aproveitamento dos cursos dos rios. O cavalo, sem dúvida alguma, no transporte individual, foi o maior auxiliar do gaúcho em seu trabalho, como também em suas pelejas.
As diligências após dias ou meses de viagens, foram os veículos coletivos de antanho, faziam suas paradas nas estações de venda, nalguma estância perdida na imensidão do pampa, ali descansavam os cavalos ou faziam a troca dos animais, os passageiros se alimentavam, por um certo período de tempo.
Vale repetir e relatar as dificuldades encontradas naqueles primeiros tempos da colonização da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
O transporte coletivo tinha nos cursos d’ águas seu maior empecilho, quando as sangas, arroios e rios, em época de cheia, aumentavam os dias das viagens. Não existindo pontes, as diligências usavam o sistema de baldeação, enquanto uma permanecia numa margem a outra esperava na margem seguinte, transportando os passageiros e as bagagens.. Na época de estiagem, os cursos d’águas encontravam-se em seus leitos, as diligências passavam pelos locais mais rasos, chamados de passos ou vaus em viagens demoradas e difíceis.
Na atual praça Argentina, no século XIX, havia um descampado, foi chamada de Praça das Carretas e posteriormente Praça das Diligências.
Um prédio que existe frente à Pira da Pátria, foi por muito tempo o Hotel Pelegrini, em época antiguíssima foi a Estação das Diligências de Clarimundo Flores, que possuía uma frota de diligências.
Uruguaiana formou-se com uma peculiaridade de hábitos e costumes, próprios de zonas agrestes. Neste extremo sul do país, a Campanha, foi o último reduto a ser habitado e colonizado. Distante dos grandes centros, Uruguaiana teve em seu início uma economia calcada na pecuária e na industrialização do charque.
Por outro lado desenvolvia um intercâmbio comercial promissor com os países limítrofes, ocorrendo mais com o Uruguai e a Argentina do que com o resto do próprio país, devido à longa distância da então longínqua Princesa do Uruguai.
Os portugueses fincaram os pés neste Rio Grande à base de muitas lutas povoando estas terras aos poucos; o processo da mestiçagem ocorreu naturalmente com elemento nativo, os índios Charruas e Minuanos; também com os africanos, vindos como escravos, assim como ocorreu com outras etnias, provindas da Europa.
Naqueles tempos chegaram os franceses primeiramente, vindos da Banda Oriental do Uruguai e os espanhóis via, Argentina. Os alemães existiam esparsos e no final do século XIX, chegaram levas de italianos constituindo uma enorme colônia.
De pronto os habitantes amalgamados formariam uma população heterogênea, cada qual com seus motivos, tradições e interesses próprios para fincar o pé nesse chão.
Os portugueses fundam a Sociedade Beneficente Portuguesa, os demais europeus, como medida de apoio e amparo, fundam as sociedades étnicas, como: a Sociedade Espanhola, Francesa e Italiana. Todos esses povos de raças e origens diferentes impulsionaram o progresso e o desenvolvimento do que haveria de ser Uruguaiana no futuro, somente a Sociedade Espanhola e Italiana sobreviveram até os nossos dias.
O Município, desde sua fundação era administrado por uma Câmara de Vereadores, eleita pelos votantes, sem remunerações, eles exerciam seus mandatos como uma distinção singular de estarem servindo a comunidade.
É interessante se questionar como a sociedade, composta de uma massa tão diferenciada, além da subsistência, religião e política, fazia para tornar a vida mais atraente, nos dois primeiros séculos. Como as coisas foram se moldando, através dos tempos?
Apresentamos a história dividida em pequenos tomos enunciada em epígrafes, juntadas em capítulos.