Leia um trecho do livro
Introdução
A poesia regional proporciona o encontro da literatura com a cultura de um povo que manifesta a sua interpretação social e política, usando-a como instrumento para dar voz a realidade.
Cheiro de Terra é construído para cumprir essa função sócio política da literatura. Recria situações e sensações em uma elaboração poética mostrando a realidade das consequências da escravidão e da pobreza.
Vivencia rural, trabalho, amor, abandono, paisagens bucólicas, luz, vento, pampa, cheiros e vozes constroem a memória afetiva do autor Jorge Claudemir Soares.
Guardadas em um álbum de fotografias da memória emocional do autor as imagens agora alforriadas ganham voz através dos poemas que nos oferece em Cheiro de Terra. Com o peito aliviado da inconformidade da herança recebida e as consequências das injustiças e diferenças sociais, Jorge e a poesia cumprem juntos essa missão.
Nilza Izabel - Editora
As lembranças que trouxemos repontadas da nossa infância, é um sentimento eterno que jamais se apaga, pois ficará arraigado no caráter simples do guri de campo, que teve, um dia, que sair de lá para poder evoluir culturalmente, pois, o campo já não o comportava mais como elemento integrante daquele ambiente. No entanto, quando esse guri sai para encontrar o homem, leva consigo, tudo aquilo que foi juntando na sua curta vivência campesina: um cheiro, um gosto, um som, uma paisagem, e até os gestos típicos daqueles com quem conviveu, e acaba tornando esse acervo em um cabedal inesgotável de saudosas lembranças do seu “status quoante”.
Dizem que a saudade dói, mas, muitas vezes, é uma dor tão gostosa, que acaba estereotipando aquilo que o homem povoeiro mais queria tersido.
As lembranças vindas da infância campeira, trazem o gosto do chimarrão na volta do fogo grande, do carreteiro de charque, o som do berro do gado, a imagem do pai montando a cavalo para a campereada, e até o andar “camboteado” de algum domador se preparando para a lida.
E tudo isso cria poemas que saem da alma, e vêm pousar na delicada alvura do papel, mas, não sem trazer lembranças COM CHEIRO DE TERRA!