Ricardo P. Duarte e Hilton Jacques
Leia um trecho do livro
Introdução
Não existimos por acaso, e tudo, neste mundo, é consequência. As comunidades do século passado eram pequenas e sua gente costumava se relacionar bem, com raras exceções, sendo o parentesco muito valorizado. Minha mãe tinha uma prima, Maria Otília “Tila” Coutinho Graziuzo, filha de uma irmã de seu pai, pela qual nutria grande amizade. Tila casou com Rafael Güez e uma de suas filhas, Lia Güez, minha prima em segundo grau, casou com o Médico Veterinário Hilton Pibernat Jacques. Vamos encontrar entre os componentes de um consórcio para a compra de um touro da Cabanha Santo Ângelo, onde Hilton atuava como assessor técnico, o veterinário Pedrinho Graziuzo, também primo de Lia, e nos damos conta de que a vida nos coloca lado a lado em muitas oportunidades.
Foi o que aconteceu entre Hilton Jacques e eu. Hilton foi um de meus orientadores na arte da zootecnia. Com ele fiz algumas viagens quando então me foi dada oportunidade de conhecer pessoas e lugares onde se criava o gado Hereford, canalizando meu gosto para seleção dos bovinos de acordo com as novas tendências do mercado. Jamais esqueço sua frase, que terminei colocando nas páginas de meu livro “Considerações para melhoramento em bovinos de corte”: “É preciso aprendera gostar do que é bom”. Ela sintetiza o exercício da inteligência para unir o que se tenha como preferência estética com a incorporação no subconsciente das informações técnicas mais atualizadas. E a união da inteligência com o conhecimento sintetiza a Sabedoria. Hilton, representante de cabanhas destacadas; eu, decidido a progredir também na pecuária expositiva, fomos parceiros de ideias e ideais, e também concorrentes nas pistas das exposições, o que não abalava absolutamente nossa convivência. Até mesmo porque minhas
primeiras conquistas teriam sido prolongamentos do trabalho zootécnico por ele realizado nas cabanhas que atendia. Em 2010 comprei um apartamento no centro da cidade, em frente à Praça, no edifício Rio Branco, e passei a morar ali, tendo como vizinhos Lia e Hilton Jacques, nessa oportunidade já aposentado. Há alguns anos Hilton havia falado em fazermos em conjunto um histórico da evolução da raça Hereford em nosso meio, sem que tivéssemos concretizado a ideia. Então, no início de 2013, ano em que inaugurei a editora Viapampa, minha prima Lia manifestou vontade de publicar um livro sobre a vida do marido, pedindo minha colaboração para realizar o projeto. Agradeci sua iniciativa, pois oportunizaria cumprir o desejo do meu amigo que não pudéramos realizar, unindo em uma única obra duas intenções, porque, certamente, não se pode contar a história da evolução da raça dentro das fronteiras do Brasil sem mencionar este homem que foi um marco referencial no advento do processo de adoção no Brasil do tipo físico americano New Type, e sem comentar os episódios gerados pelo Núcleo Fronteira Oeste de Hereford e Braford, onde se deram os mais marcantes fatos transformadores dessa raça. Nessa história eu e Hilton estivemos juntos.
Ricardo P. Duarte