Por que Perico?
Perico, em castelhano, significa papagaio, apelido aplicado a alguém muito falante. Pode ser um contador de histórias, o que pretendo. Mais precisamente, perico era quem comandava as quadrilhas francesas, ou as “country dances” inglesas nos bailes de salão do século XIX. Nesses salientou-se Pedro José Vieira, português nascido em Viamão, que em 1811 proclamou a independência da Banda Oriental. Hábil bailarino, recebeu codinome de “Perico El Bailarin” e se lhe atribui a autoria da dança folclórica gaúcha “El Pericón”.
A Argentina produziu dois clássicos na tentativa de realizar o esboço simbólico da gente do Prata: o Martín Fierro, de José Hernández, e o Facundo, de Sarmiento. De todas as figuras analisadas neste trabalho, nenhuma mais apropriada que Perico para sintetizar a idéia da nossa colaboração à sociedade do Prata, mesmo comparada àquelas consagradas na língua de Cervantes. Nele se misturam novamente na América as raízes separadas na Península Ibérica e, sem ser rico, ou poderoso, sem mesmo um grande nome – até o momento - andejou no solo americano em companhia de mais de um herói, caudilho, ou vulto histórico.
“Perico” é uma enciclopédia; é um acervo, reunindo numa só obra muita cultura amealhada, principalmente gaúcha. Sua leitura é capaz de propiciar um conhecimento geral – e em muitas vezes específico – sobre questões que revelam o processo de civilização da terra americana.