Ficha técnica | |
Lançamento | 2022 |
Título original | Sesmaria dos d'Ávila |
Formato | 16 x 22 x 2,0 cm |
Número de páginas | 356 |
Peso | 200 g |
Acabamento | Brochura |
ISBN | 978-65-86329-17-9 |
Preço | R$ 100,00 |
Leonardo d’Ávila Rodrigues Sesmeiro lusitano Uruguaiana já prestou homenagem a seu “fundador”, Domingos José de Almeida; por movimento popular, também erigiu estátua ao gaúcho, peão das sesmarias; mas, curiosamente, não lembrou ainda de homenagear a figura do desbravador, abnegado vigilante das frágeis fronteiras das terras conquistadas por José Borges do Canto, o Sesmeiro lusitano. Nesta segunda edição de “A Sesmaria dos d’Ávila” renovamos nossa homenagem a Leonardo d’Ávila Rodrigues, um dos primeiros proprietários de terras do município e patriarca local, pois praticamente a metade da população à época do início da pesquisa genealógica descendia dele. No momento de reapresentar ao público o pioneiro com sua descendência, queremos reparar essa falha lançando a ideia da construção de um monumento equestre, a ser erigido em praça pública, que lembre ao futuro quem, há mais de duzentos anos, guardando o território para o Brasil, zelou por sua segurança, domou aos xucros e trouxe a estas terras a semente da organização social.
A MANEIRA DE PREFÁCIO:
(primeira edição, 2005)
No início desta nossa sociedade agropastoril, com o tipo familiar de exploração, numa época em que os meios de transporte eram escassos e os atrativos da região menores ainda para os viajantes de outras plagas, os casamentos se davam entre os descendentes dos primitivos sesmeiros, cujas famílias se entrelaçavam fatalmente. Raras as aparições de nomes estrangeiros. Assim, os documentos das partilhas de bens, obedecendo as leis de herança, determinam a descendência dos antigos proprietários; documentos de compra e venda dão conta da transferência de determinadas glebas, justificando a presença de nomes diferentes entre herdeiros de tal ou qual família. A dificuldade de locomoção, fez com que os elementos recrutados para padrinhos de batismos e casamentos fossem usualmente aqueles que estavam por perto; dessa forma, quando os padrinhos têm sobrenome diferente da família, quase sempre se dá que entraram na comunidade através do casamento, tornando-se também parte da árvore genealógica, e seus filhos também serão parentes.
Na atualidade, dentro do contexto político que se apresenta no Brasil à entrada do século XXI, fala-se muito em “agricultura familiar” e “pecuária familiar” como atividades exclusivas de pessoas de baixa renda, necessitadas de ajuda do governo e, muitas vezes, entendidas como resultantes da opressão do capital sobre indivíduos banidos do processo evolutivo da sociedade. No entanto, nada mais representativo da atividade familiar do que os iniciais as sentamentos lusitanos em sesmarias, quando a sobrevivência no pampa se baseava no auxílio dos parentes mais próximos, exemplo que continuou a marcar a presença nas estâncias com a representatividade de famílias destacadas pela permanência sobre a terra merecida.
(N.A.)
A agressão do ambiente rural na afastada fronteira impedia uma povoação espontânea do território por pessoas não engajadas no processo de civilização estabelecido pelas autoridades. O crescimento demográfico se fez com base nos indivíduos que tinham obrigação de cuidar dos limites da pátria, permanecendo prisioneiros de um compromisso assumido para merecer a doação de suas glebas.
(N. A.)
Para quem gosta de remexer o passado, foi um prazer manter longas conversas com pessoas mais velhas, hoje falecidas, provocando suas memórias de parentes mais distantes, chegando aos poucos, junto aos comentários romanceados, auxiliando o entendimento das migrações das pessoas. Histórias quase perdidas, dando sabor à pesquisa com curiosidades ilustrativas. Satisfaz saber que resgatei esses depoimentos impossíveis de buscar novamente. As comparações de arquivos com os poucos pesquisadores disponíveis é, não somente útil, como necessária. O Dr. Sany Fontoura da Silva, conceituado médico itaquiense já falecido, de quem um filho foi meu colega de colégio sem que jamais eu sonhasse ser meu parente, abriu-me não uma porta, mas uma verdadeira estrada para transitar o caminho do ramo paterno de minha genealogia. O professor Raul Pont, também falecido, quem detinha as maiores reservas culturais de Uruguaiana, foi quem provocou o surgimento deste meu trabalho quando ainda na coleta de dados para o seu fabuloso “CAMPOS REALENGOS”. Necessitando vaqueanos para os caminhos do interior do município, convidou-nos (Colmar Duarte e eu) para acompanhá-lo em jornadas inteiras, visitando estâncias, conversando com proprietários e moradores antigos, visitando nossa maior fonte de informação: os cemitérios velhos da Campanha. Confesso que durante muito tempo deixei de fazer ligação da minha família com o nome d’Avila Rodrigues, que aparece entre diversos moradores de Uruguaiana na região do Imbaá até o arroio Touro Passo. Para mim, como se observa com muita frequência com as pessoas, os parentes eram conhecidos apenas à partir de meus avós, com quem convivera. Foi uma revelação quando chegamos um dia no cemitério do Pindaí Mirim e vimos as lápides ali existentes. Diante de nós estava BELARMINO COUTINHO DA SILVA, com o desejo de seus filhos para que descanse em paz. Entre os filhos deste, o nome da minha avó “Geda”, LUDGÉRIA COUTINHO DA SILVA. Neste mesmo cemitério, em lugar privilegiado, na campa central, cujo pórtico mostra os símbolos maçônicos do esquadro e do compasso, repousam os restos muito antigos de um homem nascido em 1775. Todos os outros túmulos estão sob a proteção da sua campa. Mais tarde compreendi que à ele devemos tudo o que somos: É LEONARDO d’AVILA RODRIGUES.